🧗🏼 Escaladores #03

I.A. agora?

Opa, como vai? Essa é a 3ª edição da Escaladores, uma newsletter que vai mostrar a você, o caminho e plano a percorrer na sua Carreira dentro do Planejamento Financeiro, Análise de Dados e Estratégia, a partir da minha visão, um profissional que já passou por onde você está pisando hoje.

I.A.gora?

Não é novidade comentar a enxurrada de informações que temos acesso na atualidade. E por conta disso, um dos temas mais comentados e discutidos é o papel da I.A. no dia a dia do profissional financeiro.

Uma das coisas que venho percebendo (me responda esse e-mail se acontece com você também), são diversos profissionais se atualizando sobre os desenvolvimentos e lançamentos que as empresas de IT estão realizando em termos de sistema:

  1. Como será gerado o relatório de forecast?

  2. Como será automatizado os pagamentos?

  3. Como poderá identificar os pagamentos de maneira rápida?

  4. Como poderá planejar as linhas do Demonstrativo de resultado?

  5. Como será realizado o processo de planejamento de CAPEX?

Muitas pessoas estão experimentando o conceito FOMO (Fear of Missing Out ou medo de não ser incluído em algo), e por conta disso, naturalmente estão sendo levados por uma manada.

Mas como você sabe…

Essa newsletter é para quem não quer seguir a manada.

Diante desse tema, temos 3 reflexões que podem ser feitas com relação à I.A.

Note que vejo muitos pontos positivos, mas minhas reflexões abaixo são um cuidadoso alerta, pois como diria o filósofo francês Voltaire “A história não se repete nunca, o homem se repete sempre”:

1. Desenvolvimento indireto de uma nova categoria de profissionais.

Não sei se lembrarão, mas no início da década de 2000, muitos profissionais de finanças, entre eles contadores, experimentaram a novidade do sistema SAP.

Na oportunidade faltava mão de obra por profissionais desenvolvedores SAP que trabalhariam nos diversos módulos da aplicação, sem contar nos profissionais responsáveis pelo mapeamento de processos e gerenciamento de mudanças nas empresas, as quais estavam adotando o sistema SAP como gestão.

O que aconteceu nessa época?

Muitos profissionais fizeram a transição de profissionais financeiros de empresas de diversos mercados para consultores financeiros em empresas de tecnologia.

A partir disso, os profissionais se especializaram muito mais em desenvolvimento de processos e soluções de uma maneira que seria criado uma prateleira de processos commodity de gerir negócios.

Ou seja, se pegarmos como exemplo a alocação e custos de produção, existia uma receita de bolo 80% a 90% desenhada. Basicamente, você apenas ajustava detalhes do seu negócio para aquela solução ou vice e versa.

E à medida que você criava processos commodity, o que acontecia com os profissionais?

Se tornavam comodity também?

Com um diferencial ou outro de conhecimento, experiência, porém se adaptavam ao modelo de negócio desenhado pelo sistema mãe.

2. Dependência da calculadora

Muitos nessa rede, aprenderam a Tabuada pelo método raiz sem a calculadora, porém faço a seguinte pergunta: O que aconteceu depois da rápida adaptação as calculadoras dos celulares?

  • Ninguém mais é forçado a pensar naquela conta de multiplicar ou dividir.

  • Ninguém mais é forçado a saber a calcular juros compostos na mão.

  • Ninguém mais é forçado a saber a raiz quadrada de 144.

Sabemos a calculadora está bem fácil à disposição ao desbloqueio do celular e a conta que sairá sem esforço e com 100% de segurança.

O que isso tem a ver com I.A.?

Bom, da mesma maneira que as pessoas perderam o costume e ouso dizer o conhecimento da tabuada, muitas pessoas se acostumaram aos processos automáticos criados, entrando em uma comoditização natural de processos financeiros de sistemas realizados de maneira automática.

O que isso gera naturalmente?

As pessoas não questionam mais o status quo.

As pessoas tem a resposta padrão que aquele processo “sempre foi feito assim.”

Levante a mão quem nunca ouviu isso? E no meu caso, isso me incomoda e muito, pois se você quer ser o profissional que sempre fez assim, você será o profissional que sempre ganhará o que a média ganha também!

E então te pergunto... você quer ser o profissional da média?

3. Distanciamento do entendimento das bases do negócio.

A medida que os profissionais se comoditizam com os processos, é natural ouvir alguns comentários assim:

“Não podemos fazer dessa maneira pois o sistema não permite. É necessário renegociar com o cliente”

Como sabem eu sou financeiro e vim do berço de finanças através da Contabilidade, porém eu não me permito a concordar com esse tipo de frase, pois como vocês já me ouviram falar:

O profissional financeiro deve ser um profissional estratégico que entende o negócio e as necessidades do cliente para entregar a melhor solução possível para ambas as partes.

Qual diferença e qual valor você entrega a seus clientes e ao negócio apenas dizendo que pode ou não pode fazer?

Por isso que quando olho para a IA, vejo uma parte de um movimento perigoso de automatização e standarização de muitas coisas, porém isso é comodity.

E como vocês sabem, quem vende comodity, a margem é grande ou pequena?

Você consegue se sustentar no longo prazo?

Você consegue agregar valor?

Não.

Então meus amigos, se você quer entregar valor, não é trabalhando e focando em comoditizar tudo… Pois talvez encontrem pessoas mais baratas que conseguem fazer a mesma coisa.

Cuidado com o precipício.

O que quero chamar a atenção da manada é que talvez você esteja correndo para o precipício, se acreditam que o caminho é focar apenas na I.A. como ferramenta de comoditização, pois talvez, você pode se transformar no novo consultor de I.A. dos anos 2020.

Reforçando a frase acima de Voltaire:

“A história não se repete nunca, o homem se repete sempre”

Mas não existe pontos positivos com a I.A.? Pois você só colocou pontos negativos.

Pelo contrário, a I.A. em si tem ótimos pontos positivos que pontuarei abaixo, porém o problema, é o COMO e PARA ONDE o homem está direcionado a I.A., que ao meu ver, está direcionando para uma auto sabotagem.

Alguns dos pontos são:

  1. Realmente transformar os analistas em analistas, onde tirará o trabalho operacional e devolvendo o tempo para que essas pessoas analisem as informações. Até porque, hoje em dia, temos muitos construtores de informação, ao invés de analistas de informação;

  2. Antecipar eventos programados em negócios com certa previsibilidade;

  3. Retirar tempo de checagem / auditoria de informações e documentos que hoje são gastos diante de burocracias desnecessárias;

  4. Retirar o tempo de atividades recorrentes e gerar produtividade em atividades comodities;   Os exemplos estão relacionados ao processo de retirada de atividades que tem um maior nível de comoditização, sem a possibilidade de agregar valor a atividade fim.

Isto posto, te convido para reflexão de como você trabalhará sua carreira em relação a I.A. e como você poderá agregar mais valor ao negócio através dessas tecnologias.

Obrigado por chegar até aqui.

Até semana que vem,

Douglas Lima